Antônio,
É Natal, meu parceiro, o seu primeiro e o meu vigésimo nono. Você não vai lembrar de nada desse seu Natal enquanto eu lembro de muitos e muitos.
Lembro do Papai Noel lá em casa tantas vezes, da casa cheia, da família reunida, da minha Vovó Zali, da minha Vovó Dinda, da Tathi, minha irmã, se surpreendendo com as novidades e dos sacos enormes de presentes, azul pra mim e vermelho pra ela, a minha primeira bicicleta trazida diretamente do Polo Norte! E lembro claramente do Papai Noel tocando a campainha, era incrível, todo o ano eu tentava pegá-lo no pulo, nunca consegui, ele é bem ligeiro para um velhinho. . .
E de outros mais recentes, com a minha nova família valente que eu conheci no mar e que eu ainda telefono todo Natal, ou dos meus encontros natalinos com a Luiza os quais a minha mãe tem ciúmes por eu não estar com ela o tempo todo. Não é fácil ter um coração grande, mas vale a pena, no final todo mundo entende.
Acabou que esse ano eu estou passando o Natal aqui na Índia, sem a minha mãe, sem minha família do Valiant, sem minhas vovós tão queridas, sem a minha irmãzinha enorme, sem encontrar a Luiza num bar da Zona Sul carioca. Sem bicicleta também, aqui já é perigoso o suficiente andar a pé.
Mas não estou só, nunca estou só, esse é o segredo.
Aqui não tem Natal, é só mais um dia. Eu mesmo já pensei assim também, chega uma certa idade em que pensamos várias besteiras dessas. Hoje sei, porém, que o Natal é um dia muito importante. Não de reunião, de união. Os esforços que todo mundo faz para estar presente, muitas vezes, deixando de lado diferenças e outras besteiras. Todo mundo sempre participa como pode, seja ajudando na cozinha, na decoração, no entretenimento. É super bonito, eu passei um tempo sem dar o devido valor a isso. As circunstâncias podem te levar a não gostar muito do Natal, espero que você, moleque, não passe por isso.
Vão te falar que é o dia do nascimento de Jesus e tal, não vou entrar nesse mérito. Há muitas controvérsias, assim como com o disco de Natal da Simone que é muito bom, pioneiro aí no Brasil. Quase todos os artistas gringos super venerados no Braza gravaram músicas natalinas em algum momento, mas só a Simone é malhada. Nós, brasileiros, somos muito duros com nossos conterrâneos.
Voltando ao nascimento de Jesus. Isto, na minha opinião, não importa tanto. Tem muita gente que acredita e tem muita gente que não. Todos se juntam nesse dia, independente da fé. Isso, pra mim, é a beleza do Natal, essa força de unir a todos, iguais e diferentes. Ninguém quer passar o Natal sozinho, todo mundo se empenha para fazer parte de um grupo, todo mundo quer dividir a mesa e esse sentimento bom que brota dentro do peito nessa época. O importante no Natal não se pode ver ou tocar, apenas sentir. Os presentes tem o seu valor sim, mas você sempre vai ganhar um par de meias de alguém. Nem todos os presentes são trazidos pelo Papai Noel (meias não são, por exemplo!), mas ele sempre te traz alguma coisa, sempre. Até se você não tiver sido um muito bom menino, mas seja, não pelo Papai Noel, mas por você mesmo. Vai vir alguém um dia, provavelmente uma criança mais velha, e vai te dizer que o Papai Noel não existe. Saiba logo que esta é umas das maiores besteiras que eu escuto nessa época do ano. Eu acredito no Papai Noel até hoje, ele nunca me deixou na mão. É verdade que eu nunca o vi com os meus próprios olhos, como eu disse lá em cima, ele é muito ligeiro. Só isso não é motivo suficiente para que ele não exista. Nada será, ele existe, eu sei. Com o avançar da idade perdemos a habilidade de acreditar por acreditar, quase todos os adultos que eu conheço estão assim, o que me entristece. Eles já não acreditam no Papai Noel e por isso não conseguem perceber quando ele se manifesta. Eu consigo, ele sempre dá o jeito dele, ele me encontra onde quer que eu esteja, ano após ano, seja em casa, no meio do Oceano Atlântico ou aqui em Rishikesh. Vão ser poucos tentando de convencer de que ele existe e muitos do contrário, não será fácil. Um dia, porém, caso você queira eu posso te contar e até te mostrar presentes que eu ganhei em Natais que ninguém comprou pra mim, simplesmente me foram entregues e são dos mais valiosos. Alguns em forma de sentimentos, outros em forma de gente, outros ainda em forma de ensinamentos. Não foram super carros ou casas enormes ou roupas de grife, Papai Noel tem alguns mil anos nesse negócio, ele sabe que não são esses supérfluos que vão nos fazer feliz.
O que nos faz feliz são pequenas coisas que não se pode comprar ou vender, não se pode ver, apenas sentir. E quando você encontrar essas coisas só há uma coisa a fazer; dividir e elas se multiplicarão.
Acredite no Natal e acredite no Papai Noel, sempre.
Um ótimo Natal, sei que seu pai está longe, mas sei também que o coração dele esteve aí com você todo o tempo, assim como o meu.
E não faça cara feia quando abrir aquele embrulho cheio de meias, você também precisa delas.
Se cuida por aí,
Um beijo do Dindo
É Natal, meu parceiro, o seu primeiro e o meu vigésimo nono. Você não vai lembrar de nada desse seu Natal enquanto eu lembro de muitos e muitos.
Lembro do Papai Noel lá em casa tantas vezes, da casa cheia, da família reunida, da minha Vovó Zali, da minha Vovó Dinda, da Tathi, minha irmã, se surpreendendo com as novidades e dos sacos enormes de presentes, azul pra mim e vermelho pra ela, a minha primeira bicicleta trazida diretamente do Polo Norte! E lembro claramente do Papai Noel tocando a campainha, era incrível, todo o ano eu tentava pegá-lo no pulo, nunca consegui, ele é bem ligeiro para um velhinho. . .
E de outros mais recentes, com a minha nova família valente que eu conheci no mar e que eu ainda telefono todo Natal, ou dos meus encontros natalinos com a Luiza os quais a minha mãe tem ciúmes por eu não estar com ela o tempo todo. Não é fácil ter um coração grande, mas vale a pena, no final todo mundo entende.
Acabou que esse ano eu estou passando o Natal aqui na Índia, sem a minha mãe, sem minha família do Valiant, sem minhas vovós tão queridas, sem a minha irmãzinha enorme, sem encontrar a Luiza num bar da Zona Sul carioca. Sem bicicleta também, aqui já é perigoso o suficiente andar a pé.
Mas não estou só, nunca estou só, esse é o segredo.
Conexão Brasil-Espanha-Holada-Eua-Iran-Chile-Latvia |
Vão te falar que é o dia do nascimento de Jesus e tal, não vou entrar nesse mérito. Há muitas controvérsias, assim como com o disco de Natal da Simone que é muito bom, pioneiro aí no Brasil. Quase todos os artistas gringos super venerados no Braza gravaram músicas natalinas em algum momento, mas só a Simone é malhada. Nós, brasileiros, somos muito duros com nossos conterrâneos.
Voltando ao nascimento de Jesus. Isto, na minha opinião, não importa tanto. Tem muita gente que acredita e tem muita gente que não. Todos se juntam nesse dia, independente da fé. Isso, pra mim, é a beleza do Natal, essa força de unir a todos, iguais e diferentes. Ninguém quer passar o Natal sozinho, todo mundo se empenha para fazer parte de um grupo, todo mundo quer dividir a mesa e esse sentimento bom que brota dentro do peito nessa época. O importante no Natal não se pode ver ou tocar, apenas sentir. Os presentes tem o seu valor sim, mas você sempre vai ganhar um par de meias de alguém. Nem todos os presentes são trazidos pelo Papai Noel (meias não são, por exemplo!), mas ele sempre te traz alguma coisa, sempre. Até se você não tiver sido um muito bom menino, mas seja, não pelo Papai Noel, mas por você mesmo. Vai vir alguém um dia, provavelmente uma criança mais velha, e vai te dizer que o Papai Noel não existe. Saiba logo que esta é umas das maiores besteiras que eu escuto nessa época do ano. Eu acredito no Papai Noel até hoje, ele nunca me deixou na mão. É verdade que eu nunca o vi com os meus próprios olhos, como eu disse lá em cima, ele é muito ligeiro. Só isso não é motivo suficiente para que ele não exista. Nada será, ele existe, eu sei. Com o avançar da idade perdemos a habilidade de acreditar por acreditar, quase todos os adultos que eu conheço estão assim, o que me entristece. Eles já não acreditam no Papai Noel e por isso não conseguem perceber quando ele se manifesta. Eu consigo, ele sempre dá o jeito dele, ele me encontra onde quer que eu esteja, ano após ano, seja em casa, no meio do Oceano Atlântico ou aqui em Rishikesh. Vão ser poucos tentando de convencer de que ele existe e muitos do contrário, não será fácil. Um dia, porém, caso você queira eu posso te contar e até te mostrar presentes que eu ganhei em Natais que ninguém comprou pra mim, simplesmente me foram entregues e são dos mais valiosos. Alguns em forma de sentimentos, outros em forma de gente, outros ainda em forma de ensinamentos. Não foram super carros ou casas enormes ou roupas de grife, Papai Noel tem alguns mil anos nesse negócio, ele sabe que não são esses supérfluos que vão nos fazer feliz.
O que nos faz feliz são pequenas coisas que não se pode comprar ou vender, não se pode ver, apenas sentir. E quando você encontrar essas coisas só há uma coisa a fazer; dividir e elas se multiplicarão.
Acredite no Natal e acredite no Papai Noel, sempre.
Um ótimo Natal, sei que seu pai está longe, mas sei também que o coração dele esteve aí com você todo o tempo, assim como o meu.
E não faça cara feia quando abrir aquele embrulho cheio de meias, você também precisa delas.
Assim terminou o meu Natal, com o sol se pondo no Ganga, em Ram Jhula. |
Se cuida por aí,
Um beijo do Dindo