Antônio,
Eu amo o carnaval. AMO. Um feriado onde eu posso tomar cerveja no café-da-manhã sem ninguém me censurar, posso usar minha saia do CPII (super curta!) sem ninguém me censurar, tudo é sem censura, como não amar?
Você não imagina como é difícil estar longe do que você ama. No meu caso, foi uma escolha. Ainda pior. O meu amor pelo carnaval, porém, é maior que essa separação temporária, muito maior. Levo sempre o carnaval onde eu vou e logo voltaremos às boas, eu e o carnaval.
É carnaval e você ainda não tem idéia do que isso significa, nem idéia. Você vai crescer e vão te ensinar errado. Não por maldade ou qualquer coisa assim, simplesmente por pura ignorância, muita gente também não tem idéia do que é o carnaval.
Eu mesmo demorei uns 24 - 25 anos para entender a beleza desse feriado tão maluco.
Bem novo, ainda sem saber muito o que estava acontecendo eu já frequentava os bailes de carnaval todo fantasiado, eu me lembro de quando eu fui no baile do Tijuca de Seu Boneco, que diversão. Naquele tempo eu só queria saber da festa, isso me bastava.
Um pouco mais tarde, na sempre conturbada adolescência, eu esperava pelo carnaval no calor do verão carioca, os blocos mais tradicionais já saiam, mas não era essa loucura que está agora. Eu queria sair com os blocos, participar das festas, mas minha mãe, muito zelosa não me permitia esse tipo de extravagância, eu tinha que aceitar as regras. . .
Já um pouco mais velho, comecei a participar mais intensamente, já tinha minha grana e um pouco de liberdade, viajava para passar o carnaval em algum lugar diferente onde meu único objetivo era beijar meninas desconhecidas, o máximo possível. O que além muito de chato, é muito cansativo. E além do mais você nunca se dá por satisfeito, se o seu objetivo são beijos infinitos, você nunca vai atingí-lo, deixando sempre uma sensação de quase derrota no final. Só existe uma maneira de ter beijos infinitos e pra isso você só vai precisar de uma gata, mas essa é uma outra história que um dia eu te conto.
Voltando ao carnaval.
A minha iluminação com relação ao carnaval veio lá no Recife. O Juliano me convidou pra ir conhecer o carnaval do Nordeste e fomos pra Recife. Ficamos hospedados na casa do Fredão, na frente do Estádio dos Aflitos onde eu sempre fui pra ver o Náutico golear!
Eu nem ia ficar o carnaval todo, só as prévias que são ainda melhores que o carnaval em si. Eu já tinha tudo pago em Ouro Preto, mas a república cancelou na última hora, foi simples de resolver, troquei meu vôo e fiquei no Recife. Onde eu conheceria o carnaval de verdade.
Blocos como "Enquanto isso na Sala da Justiça", "Eu acho é pouco", "Quanta ladeira" e tantos outros me mostravam a beleza do carnaval, o comprometimento dos foliões com fantasias elaboradas, planejadas meses antes do carnaval. Foi uma das coisas mais bonitas que eu vi aquele ano. A beleza do carnaval de Recife e Olinda. O Alceu, a Elba, Zé Ramalho, Mundo Livre, Nação, Eddie, a chuva invocada por Lirinha e todo o Cordel do Fogo Encantado, o cara paraplégico de verdade fantasiado de Aline Moraes (que estava paraplégica de mentira, na novela), as mulheres do Nordeste tão lindas e ainda mais com seus sotaques tão deliciosos, o Lassa Burguer, os casados, os solteiros, as piadas, aquele time de gatas que chegou no apê do Fredão fantasiado de Halls, uma de cada cor e de cada sabor perguntando: "-Aqui é o apê do Fred?" E eu de toalha dizendo que sim. . . E eu nem falei da coisa mais importante que eu percebi lá a primeira vez, aquele sorriso de alegria plena estampado na cara de cada uma das pessoas que estavam em Olinda, no sol, subindo e descendo ladeira com alegria de menino, aquilo era o carnaval. Foi quando eu vi, Antônio, eu também queria ser o carnaval e eu fui o carnaval. Eu também levava aquele sorriso no rosto, eu era parte daquelas pessoas, éramos todos o carnaval e foi maravilhoso. Já não importavam mais os beijos das mulheres, só as piadas, as gargalhadas, os beijos aconteciam, fazia parte de ser o carnaval, não era mais um devaneio adolescente.
O cara que eu conheci que mais sabia desfrutar do carnaval era o Arnóbio, ou Binho para os íntimos e todos os outros. Eu passei dois carnavais com ele. Ele sempre casado e sempre, sempre, respeitando sua mulher e todas as outras ele fazia piada com todo mundo, homens, mulheres, solteiros, casados, gordos, magros, pretos, brancos, não tinha exceção. Seu leque de piadas era sem-fim e ele se divertia mais que criança. Um artista que me ensinou tanto sobre carnaval em tão poucos dias. É claro que eu aprendi com os outros camaradas também, mas o fato do Binho curtir o carnaval casado e se divertir muito mais que nós, solteiros, me admirava. E sua dedicação na decoração do banheiro era digna de um prêmio, a cada dia com fotos inéditas de Revistas Playboy antigas.
O carnaval não tem nada a ver com mulher, isso nem importa se você não compartilhar da alegria plena que ele pode nos proporcionar, nos tornando iguais, ricos, pobres, pretos, brancos, todos sendo o carnaval, unânime, uníssono.
Se você ficar gastando a sua energia só correndo atrás das gatas você nunca vai experimentar o verdadeiro sabor do carnaval, eu demorei uns 25 anos, espero que você demore menos, mas entendo que curtir um carnaval com a ignorância adolescente pode ser divertido por um tempo. Mesmo nessa loucura adolescente, você terá flashs do verdadeiro carnaval. Fique atento aos sinais.
O tempo passou, O Binho segue casado e tem duas mulheres, uma da idade dele, a outra tá mais pra sua idade e até onde eu sei está sem namorado. . .
O Fredão tá grávido.
O Ju embarcado.
Eu na Índia.
O que interessa hoje é que eu desejo pra você, Antônio, pros meninos e pra todas as pessoas que eu conheço e que não conheço: sejam o carnaval!
Aproveitem bastante, beijem quem tiverem que beijar, mas principalmente, divirtam-se!
A quarta-feira de cinzas chega ligeira. Até demais, chegou antes de eu chegar na internet por aqui.
O post atrasou, mas ainda serve, ainda há carnaval no Rio que eu sei!
Sorte sua que eu também sou ligeiro e me agilizei pra não te deixar cotó. A sua fantasia de Indiano chegou a tempo, pensei em tudo, mas não se acostuma não, ano que vem eu estarei presente no carnaval e não vou poder ficar cuidando da fantasia da concorrência.
Se cuida por aí!
Um beijo do Dindo!
Eu amo o carnaval. AMO. Um feriado onde eu posso tomar cerveja no café-da-manhã sem ninguém me censurar, posso usar minha saia do CPII (super curta!) sem ninguém me censurar, tudo é sem censura, como não amar?
Você não imagina como é difícil estar longe do que você ama. No meu caso, foi uma escolha. Ainda pior. O meu amor pelo carnaval, porém, é maior que essa separação temporária, muito maior. Levo sempre o carnaval onde eu vou e logo voltaremos às boas, eu e o carnaval.
É carnaval e você ainda não tem idéia do que isso significa, nem idéia. Você vai crescer e vão te ensinar errado. Não por maldade ou qualquer coisa assim, simplesmente por pura ignorância, muita gente também não tem idéia do que é o carnaval.
Eu mesmo demorei uns 24 - 25 anos para entender a beleza desse feriado tão maluco.
Bem novo, ainda sem saber muito o que estava acontecendo eu já frequentava os bailes de carnaval todo fantasiado, eu me lembro de quando eu fui no baile do Tijuca de Seu Boneco, que diversão. Naquele tempo eu só queria saber da festa, isso me bastava.
Um pouco mais tarde, na sempre conturbada adolescência, eu esperava pelo carnaval no calor do verão carioca, os blocos mais tradicionais já saiam, mas não era essa loucura que está agora. Eu queria sair com os blocos, participar das festas, mas minha mãe, muito zelosa não me permitia esse tipo de extravagância, eu tinha que aceitar as regras. . .
Já um pouco mais velho, comecei a participar mais intensamente, já tinha minha grana e um pouco de liberdade, viajava para passar o carnaval em algum lugar diferente onde meu único objetivo era beijar meninas desconhecidas, o máximo possível. O que além muito de chato, é muito cansativo. E além do mais você nunca se dá por satisfeito, se o seu objetivo são beijos infinitos, você nunca vai atingí-lo, deixando sempre uma sensação de quase derrota no final. Só existe uma maneira de ter beijos infinitos e pra isso você só vai precisar de uma gata, mas essa é uma outra história que um dia eu te conto.
Voltando ao carnaval.
A minha iluminação com relação ao carnaval veio lá no Recife. O Juliano me convidou pra ir conhecer o carnaval do Nordeste e fomos pra Recife. Ficamos hospedados na casa do Fredão, na frente do Estádio dos Aflitos onde eu sempre fui pra ver o Náutico golear!
Eu nem ia ficar o carnaval todo, só as prévias que são ainda melhores que o carnaval em si. Eu já tinha tudo pago em Ouro Preto, mas a república cancelou na última hora, foi simples de resolver, troquei meu vôo e fiquei no Recife. Onde eu conheceria o carnaval de verdade.
Blocos como "Enquanto isso na Sala da Justiça", "Eu acho é pouco", "Quanta ladeira" e tantos outros me mostravam a beleza do carnaval, o comprometimento dos foliões com fantasias elaboradas, planejadas meses antes do carnaval. Foi uma das coisas mais bonitas que eu vi aquele ano. A beleza do carnaval de Recife e Olinda. O Alceu, a Elba, Zé Ramalho, Mundo Livre, Nação, Eddie, a chuva invocada por Lirinha e todo o Cordel do Fogo Encantado, o cara paraplégico de verdade fantasiado de Aline Moraes (que estava paraplégica de mentira, na novela), as mulheres do Nordeste tão lindas e ainda mais com seus sotaques tão deliciosos, o Lassa Burguer, os casados, os solteiros, as piadas, aquele time de gatas que chegou no apê do Fredão fantasiado de Halls, uma de cada cor e de cada sabor perguntando: "-Aqui é o apê do Fred?" E eu de toalha dizendo que sim. . . E eu nem falei da coisa mais importante que eu percebi lá a primeira vez, aquele sorriso de alegria plena estampado na cara de cada uma das pessoas que estavam em Olinda, no sol, subindo e descendo ladeira com alegria de menino, aquilo era o carnaval. Foi quando eu vi, Antônio, eu também queria ser o carnaval e eu fui o carnaval. Eu também levava aquele sorriso no rosto, eu era parte daquelas pessoas, éramos todos o carnaval e foi maravilhoso. Já não importavam mais os beijos das mulheres, só as piadas, as gargalhadas, os beijos aconteciam, fazia parte de ser o carnaval, não era mais um devaneio adolescente.
O cara que eu conheci que mais sabia desfrutar do carnaval era o Arnóbio, ou Binho para os íntimos e todos os outros. Eu passei dois carnavais com ele. Ele sempre casado e sempre, sempre, respeitando sua mulher e todas as outras ele fazia piada com todo mundo, homens, mulheres, solteiros, casados, gordos, magros, pretos, brancos, não tinha exceção. Seu leque de piadas era sem-fim e ele se divertia mais que criança. Um artista que me ensinou tanto sobre carnaval em tão poucos dias. É claro que eu aprendi com os outros camaradas também, mas o fato do Binho curtir o carnaval casado e se divertir muito mais que nós, solteiros, me admirava. E sua dedicação na decoração do banheiro era digna de um prêmio, a cada dia com fotos inéditas de Revistas Playboy antigas.
O carnaval não tem nada a ver com mulher, isso nem importa se você não compartilhar da alegria plena que ele pode nos proporcionar, nos tornando iguais, ricos, pobres, pretos, brancos, todos sendo o carnaval, unânime, uníssono.
Se você ficar gastando a sua energia só correndo atrás das gatas você nunca vai experimentar o verdadeiro sabor do carnaval, eu demorei uns 25 anos, espero que você demore menos, mas entendo que curtir um carnaval com a ignorância adolescente pode ser divertido por um tempo. Mesmo nessa loucura adolescente, você terá flashs do verdadeiro carnaval. Fique atento aos sinais.
O tempo passou, O Binho segue casado e tem duas mulheres, uma da idade dele, a outra tá mais pra sua idade e até onde eu sei está sem namorado. . .
O Fredão tá grávido.
O Ju embarcado.
Eu na Índia.
O que interessa hoje é que eu desejo pra você, Antônio, pros meninos e pra todas as pessoas que eu conheço e que não conheço: sejam o carnaval!
Aproveitem bastante, beijem quem tiverem que beijar, mas principalmente, divirtam-se!
A quarta-feira de cinzas chega ligeira. Até demais, chegou antes de eu chegar na internet por aqui.
O post atrasou, mas ainda serve, ainda há carnaval no Rio que eu sei!
Sorte sua que eu também sou ligeiro e me agilizei pra não te deixar cotó. A sua fantasia de Indiano chegou a tempo, pensei em tudo, mas não se acostuma não, ano que vem eu estarei presente no carnaval e não vou poder ficar cuidando da fantasia da concorrência.
Antônio pronto pro bloquinho da creche com a fantasia ajeitada Made in India. |
Se cuida por aí!
Um beijo do Dindo!
Dindo curti muito meu primeiro carnaval!! Como diz as tias da creche... Eu gosto do babado e cou gostar muitoooo de carnaval....
ResponderExcluirBoa, moleque! Esse é o espírito! Siga nesse caminho e logo iremos juntos num bloquinho!
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